DOUTORADO

sexta-feira, abril 5

Mandinho Chegou!! Valeu Procultura! Valeu Pelotas!


Mandinho Chegou!! Valeu Procultura! Valeu Pelotas!


Agora, sim. O Mandinho chegou. O CD – suporte físico – faz uma falta bárbara e minha ansiedade não cabia mais em mim. Com previsão para chegar na primeira quinzena de março, vi o disco somente hoje, dia 04 de abril.

Os atrasos no Mandinho não são nenhuma novidade. O projeto, assim como todos os demais contemplados no mesmo edital atrasaram quase um ano para receber os devidos repasses. Não seria diferente na última etapa – a da fabricação. Isso porque, com a fusão de duas grandes empresas fabricantes de CD gerou-se uma grande confusão e os discos a serem entregues em até 45 dias levaram praticamente três meses. Uma pequena amostra do momento da indústria fonográfica. Não conheço nenhum disco realizado entre 2011 e 2013 que não tenha sofrido atrasos de entrega. Sobretudo os independentes, esses pequenos empresários, produtores e artesãos da música que teimam em continuar produzindo. Tal foi o atraso, no caso do Mandinho, que deu tempo de desenvolver paralelamente um aplicativo Mobile – lançado antes mesmo do CD, de modo a não perder as reflexões sobre a Páscoa que aparecem no disco. Mas nada subsitui a materialidade do CD.

Nada substitui chegar em casa e ver caixas amontoadas com discos envoltos nos plásticos sem saber onde guardá-los em meu apartamento pequeno. A arte está maravilhosa! Estou absolutamente orgulhoso e comovido com o trabalho – modestia à parte e bem longe.  Mas tenho absoluta tranquilidade em elogiar, justamente porque não o fiz sozinho. Contém com o que há de melhor deste mundo em termos de recursos humanos. Não há como não ter fé nas pessoas depois de um trabalho como este, onde todo mundo se envolveu muito. Não nenhuma nota cantada ou tocada de forma displicente ou burocrática. Nenhum traço que não mereça um elogio.

            E não escrevo para me queixar do atraso, não. Na verdade estou comemorando os atrasos. Em meu caso específico, vários fatores de minha vida pessoal comemoraram os primeiros atrasos, as dinâmicas incontornáveis da vida, ganhos e perdas, lutas. Mandinho passou pela morte do meu irmão, pela maior greve das Federais nos últimos tempos, pela construção – ainda em processo – da nossa casa. Mandinho foi contaminado pela minha turnê pela Costa Rica. Se não tivesse atrasado, não teríamos a Costa Rica no disco! Não imagino o Mandinho sem a Costa Rica no disco. Se eu pudesse planejar este atraso, o teria feito com toda a certeza. Projeto antigo, Mandinho soube receber as influências musicais mais recentes. Pude contar histórias antigas do tempo de professor de educação infantil e cantar as criações mais recentes, feitas quase em estúdio. Pude exercitar parcerias de letra, música e arranjo com gente maravilhosa. O Mandinho é uma cópia fiel do meu momento de vida: meu estabelecimento definitivo em Pelotas, meu amadurecimento como pai, educador e músico, minha estréia como produtor. Minha teimosia. Sobretudo minha condição de cidadão do mundo, minha absoluta fé nesta humanidade que me cerca mais proximamente, ainda que a léguas de onde me encontro.

Gente boa demais por toda parte. Mandinho foi gravado em Pelotas, Porto Alegre, São Paulo e San José da Costa Rica, com gente de todas as partes do Brasil e da América Latina: no disco temos uruguaios, argentinos, costarricenses, paulistas, mineiros, fluminenses, matogrossenses, baianos, além da gauchada. Pessoas foram se incorporando ao trabalho e acreditando no projeto – que agora está se tornando um espetáculo com bonecos, com um grande lançamento previsto para o segundo semestre deste ano. É praticamente impossível agradecer nominalmente todos os colaboradores neste breve post.
           
Não é apenas no nome que o Mandinho é pelotense. Ele foi financiado pela cidadania de Pelotas. Todos os cidadãos da cidade deveriam ter seu nome inscrito nos agradecimentos do encarte do disco. Ainda que o disco, na ponta do lápis, tenha ultrapassado consideravelmente o valor financiado – por razões sobretudo estéticas – é certo que sem os aportes do PROCULTURA este trabalho sequer existiria. Que a logomarca do Procultura e da Prefeitura de Pelotas seja mais do que uma mera formalidade, mas tenha esta conotação de agradecimento a todos os cidadãos, um profundo agradecimento a esta cidade que abriga minha adultice e ao mesmo tempo minha infância. A você, que está lendo este texto, meu “Muito obrigado!”






 Alguns Mandinhos no sofá de casa.